O Carnaval no Brasil é uma síntese da miscigenação entre as culturas africana, europeia e indígena, que trouxe ritmos como o samba, o frevo e o axé.
Ele reflete a alegria, a criatividade e a diversidade do povo brasileiro, oferecendo um espaço para a crítica social e a celebração coletiva.
O Carnaval tornou-se um símbolo da identidade cultural brasileira e um dos eventos mais conhecidos do mundo. Mas, apesar de ser conhecido como o país do Carnaval, essa festa marcante da cultura brasileira tem raízes que remontam à Antiguidade e evoluíram ao longo dos séculos.
Chegada do Carnaval ao Brasil
O Carnaval chegou ao Brasil trazido pelos portugueses vindos das regiões dos Açores, Ilha da Madeira e Cabo Verde. Inicialmente, a festa era marcada pelo entrudo, uma brincadeira popular que chegou a ser proibida. Nela, os participantes jogavam água, farinha e outros produtos uns nos outros.
A partir do século XIX, especialmente no Rio de Janeiro, o Carnaval começou a tomar uma forma mais organizada e culturalmente rica, sendo influenciado pela criatividade popular e pelos ritmos afro-brasileiros.
Na década de 1920, o samba consolidou-se como o ritmo oficial do Carnaval. As escolas de samba emergiram como símbolos de resistência cultural, expressão artística e integração social, promovendo competições que atraíam tanto a elite quanto as classes populares.
Em 1840, inspirados nas tradições europeias, surgiram os primeiros bailes de máscaras, enquanto na década de 1850, surgiram os primeiros clubes carnavalescos. Esses clubes evoluíram para os ranchos e cordões, antecessores das escolas de samba, que ao longo dos tempo transformaram os desfiles em grandes espetáculos.
A primeira escola de samba oficial, a Deixa Falar, foi criada no Rio de Janeiro em 1928. A sua criação marcou o início da estruturação moderna do Carnaval brasileiro.
Abram alas para as marchinhas
As marchinhas de Carnaval dominaram a festa entre os anos 1930 e 1950 e compositores brasileiros tornaram-se famosos com as suas composições. Esse tipo de música se popularizou entre as décadas de 20 e 60 com as vozes de Chiquinha Gonzaga, com a música "Ó Abre, Alas", e Dalva de Oliveira, cantando "Bandeira Branca".
A primeira marchinha é justamente "Ó Abre Alas", composta em 1899 por Chiquinha Gonzaga para o cordão Rosa de Ouro.
As marchinhas marcaram gerações com letras bem-humoradas e melodias contagiantes, tornando-se parte da identidade cultural do Carnaval.
Tradições do Carnaval no Brasil
O Carnaval se transformou em uma das maiores festas populares do Brasil, com as particularidades culturais de cada região:
Rio de Janeiro: o Rio é famoso pelo seu desfile das escolas de samba no sambódromo da Marquês de Sapucaí, uma tradição que começou nas décadas de 1920 e 1930. As escolas competem com enredos, carros alegóricos e fantasias deslumbrantes.
Salvador: o Carnaval baiano é conhecido pelos trios elétricos e pela forte presença de ritmos afro-brasileiros, como o axé. Nos trios elétricos, os artistas se apresentam em caminhões equipados com som, enquanto são seguidos por multidões de pessoas dançando pelas ruas.
Pernambuco: em Olinda e Recife, o frevo e o maracatu animam as ruas. O Galo da Madrugada, em Recife, é considerado o maior bloco carnavalesco do mundo, enquanto em Olinda os bonecos gigantes desfilam pelas ladeiras históricas.
São Paulo: Assim como no Rio, as escolas de samba têm desfiles grandiosos, e os blocos de rua vêm ganhando força nos últimos anos.
Em outras cidades brasileiras, como Ouro Preto (MG) e Paraty (RJ), o Carnaval de rua é marcado por blocos tradicionais e celebrações que mantêm uma relação mais íntima com a cultura local.
Carnaval na Antiguidade
A origem do Carnaval está enraizada em celebrações pagãs da Antiguidade.
Embora não se saiba ao certo onde o Carnaval tenha surgido, ele remonta à Antiguidade, com influências de diversas civilizações:
Babilônia: as festas das Saceias celebravam o fim do inverno e o retorno da fertilidade da terra, com festividades regadas a vinho e danças que simbolizavam a renovação da vida.
Egito: concentrações em honra à Ísis e ao boi Ápis incluíam danças e cantos ao redor de fogueiras, com máscaras para eliminar distinções de classe.
Grécia e Roma: as festas dedicadas ao deus Dionísio (bacanais), na Grécia, e as Saturnálias, na Roma Antiga, celebravam a liberdade e a inversão da ordem social. Máscaras e fantasias já eram utilizadas como forma de liberar tensões sociais e celebrar a liberdade.
Vários eventos podem ter influenciado a comemoração como a conhecemos hoje. A troca de papéis sociais, que tinha lugar na Babilônia, por exemplo, pode ter originado a utilização de máscaras e fantasias. Elas propiciavam que as pessoas se divertissem, sem receios de serem reconhecidas.
Todos os eventos que possivelmente deram origem ao Carnaval, no entanto, tinham origem pagã. Com a expansão do cristianismo, a Igreja tentou eliminar as celebrações pagãs. Não conseguindo extingui-las, fez uma reinterpretação delas. Assim, surgiu o Carnaval, cujo nome vem do latim carnis levale (adeus à carne), fazendo referência ao jejum posterior ao festejo.
Durante os dias de Carnaval, a população podia se entregar a prazeres mundanos antes de começar o período de penitência e jejum, que é o período da Quaresma. A Quaresma começa na Quarta-feira de Cinzas, dia seguinte ao Carnaval.
Veja também: Carnaval 2025 | 4 de março (e todas as datas da festa)